terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A melhor Coisa do Mundo: Trilhar um caminho ensolarado !

Como sabemos que estamos prontos pra uma nova fase em nossas vidas ?
Às vesperas do tão afamado "Reveillon" que vem do verbo francês "Revellier" ou melhor "despertar", fico me perguntando se realmente despertamos pra uma nova etapa a cada final de ano.
É evidente que a maioria das pessoas nunca para pra pensar nisso, por que preferem viver sem questionar algumas atitudes nas quais já estão "viciadas", por que não conseguem se concentrar em algo mais produtivo ou simplesmente, por que o "reveillon" significa somente um momento em que enchemos a cara, nos vestimos de branco, nos abraçamos com pessoas estranhas e damos vivas a um futuro idealizado, que na verdade pode se transformar numa grande emboscada, se não ocorrerem mudanças efetivas em nossas vidas.
Pensar de forma mais aprofundada no que se quer do futuro, requer além de grande festa e otimismo, uma boa dose de coragem pra se olhar no espelho e reconhecer que mudanças são necessárias de tempos e tempos.
Como boa taurina que sou reconheço minha enorme dificuldade de lidar com mudanças. Talvez por isso, essa comemoração seja sempre tão sofrida pra mim. Simplesmente detesto essa data !
Como já cantei em verso e prosa, o ano de 2011 foi complicadíssimo. Passei o tempo todo, ora rezando pra que ele acabasse, ora me lamentando das coisas ruins que me aconteceram. Nesse movimento destrutivo, acabei também por não aproveitar o que de bom me aconteceu. Estava somente focada em minhas mágoas.
Tenho plena consciência de que este tipo de atitude não é nada saudável. Contudo, agora nos momentos finais desse ano "fatídico", comecei a gostar dele.
É uma sensação estranha essa vontade de fazer que este ano fique marcado em mim.
É uma vontade meio doentia de fazer com que ele me lembre das grande falhas que venho cometendo há muito tempo. E como a minha maior falha, elejo o fato de não ter sido muito amável comigo mesma. Fui sempre muito legal com todos e sempre "me deixei" de lado. Talvez esperando recompensas, talvez por pura desatenção mesmo.
A moral dessa história toda é que somente através dessas inúmeras revelações trazidas à tona em 2011, finalmente eu consegui perceber que existe em mim um caminho ensolarado para mudanças efetivas na vida que tenho levado até agora. E com certeza pretendo seguí-lo.
Sendo assim, o meu projeto pra o ano que se aproxima é criar coragem de finalmente trilhar sozinha o meu caminho ensolarado.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Namore uma garota que lê.

Querido, procure namorar uma garota que gasta seu dinheiro em livros ao invés de comprar cada vez, mais e mais, bugigangas.
Todo mundo sabe que a garota que lê também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais.
Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui um cartão de biblioteca desde os doze anos.
Como você vai encontrar uma garota que lê ?
É simples. Você saberá que ela lê porque vai ver que ela sempre tem um livro na sua bolsa.
Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria e a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer.
Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo?
Essa é uma leitora. Aquela que nunca resiste a cheirar as páginas dos livros antigos, especialmente, quando elas já estão amareladas.
Ela é aquela garota que lê enquanto espera em um café na rua. Se você reparar em sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta num plano de sonhos e contentamento. Perdida em um mundo criado pelos autores.
Então, sente-se. Se quiser ela poderá vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que lêem não gosta de ser interrompida bruscamente. Precisam te observar primeiro, se isso acontecer e ela, finalmente, perceber você, pergunte se ela está gostando do livro.
Aí, compre para ela outra xícara de café e diga o que realmente pensa sobre o Saramago, sobre Kafka, Drumond. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer muito inteligente e te impressionar. Pergunte se ela gostaria ou não de ser a Alice de Carroll.
É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro.
Ofereça ainda o dom das palavras contidas na poesia, na música. Ofereça Neruda, Pound, Cummings, Baudellaire e deixe que ela saiba que todas essas palavras são de amor e que você as compreende também.
Perceba que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade, mas sempre que for possível ela vai tentar fazer com que a vida de vocês se pareça com um Conto de Fadas, ou com o seu romance favorito. Isso por que se ela tem que se arriscar na realidade, de alguma forma, vai preferir que tudo seja lindo, sensível e emotivo.
Aí, você vai perceber que a necessidade de mentir é diferente de algo mau, é diferente de ser falso. Ela vai simplesmente fazer você compreender a sintaxe das coisas, percebendo que na vida sempre deve existir motivação, valores, nuances, enfim, diálogo.
E isto, definitivamente, não é o fim do mundo.
Se, porventura, você desiludi-la. Saiba que uma garota que lê sempre sabe que o fracasso é que leva ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas boas uma hora chegam ao fim. Mas, que sempre se pode escrever uma continuação.
E que até mesmo você, pode ter uma segunda chance e recomeçar, quem sabe, se transformando num herói.
É que na vida sempre há vilões, mas com a chegada do mocinho, tudo se torna esperançoso e atraente.
Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que lêem sabem que as pessoas, tal como as personagens, crescem, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo, concorda ?.
Se você encontrar uma garota que lê, é melhor mantê-la sempre por perto. Você pode querer conversar sobre coisas relevantes, sobre coisas que realmente interessam ao ser humano.
Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chocolate quente e abrace-a. Ela falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque eles são mesmo.
E você poderá perdê-la por um par de horas, mas fique certo que ela sempre, sempre voltará para você.
Você deve declarar seu amor a ela em um balão de ar quente ou durante um concerto ao ar livre ou num show de rock talvez, ou até mesmo casualmente, na próxima vez que ela estiver doente, ou se der, pelo Skype, por que elas realmente sabem dar valor a esses momentos únicos.
Garotas que lêem são românticas por natureza.
E vocês dois vão sorrir tanto que acabarão por se perguntar por que é que coração de vocês ainda não explodiu de tanta felicidade. Vocês farão juras de amor perfeitamente corretas e justapostas e escreverão a linda história das suas vidas e terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda.
E ela vai apresentar os seus filhos ao Gato de Botas e o Leão Aslam, talvez no mesmo dia e aí, vocês vão atravessar juntos todos os invernos, vivendo poemas, dançando ao ar livre, escutando músicas de compositores dos quais vocês sabem toda biografia e quando o tempo da velhice chegar, ela recitará Keats só pra você, enquanto as arvores lá fora sussurram, tal qual Brönte descreveu em seu Morro dos Ventos Uivantes.
Namore uma garota que lê porque você merece. Um homem esperto sempre merece uma garota que lê, por que ela pode dar a vida mais colorida que alguém pode imaginar.
Se ao contrário, você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então você estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e muitos outros mundos por aí a fora, namore uma garota que lê, ou se anda quiser fazer melhor, namore uma garota que lê e que também escreve.

Desconstruções - Por Martha Medeiros

Quando a gente conhece uma pessoa, construímos uma imagem dela.
Esta imagem tem a ver com o que ela é de verdade, tem a ver com as nossas expectativas e tem muito a ver com o que ela "vende" de si mesma.
É pelo resultado disso tudo que nos apaixonamos. Se esta pessoa for bem parecida com a imagem que projetou em nós, desfazer-se deste amor, mais tarde, não será tão penoso.
Restará a saudade, talvez uma pequena mágoa, mas nada que resista por muito tempo.
No final, sobreviverão as boas lembranças.
Mas se esta pessoa "inventou" um personagem e você caiu na arapuca, aí, somado à dor da separação, virá um processo mais lento e sofrido: a de desconstrução daquela pessoa que você achou que era real.
Desconstruindo Flávia, desconstruindo Gilson, desconstruindo Marcelo.
Milhares de pessoas estão vivendo seus dias aparentemente numa boa, mas por dentro estão desconstruindo ilusões, tudo porque se apaixonaram por uma fraude, não por alguém autêntico.
Ok, é natural que, numa aproximação, a gente "venda" mais nossas qualidades que defeitos. Ninguém vai iniciar uma história dizendo: muito prazer, eu sou arrogante, preguiçoso e cleptomaníaco. Nada disso, é a hora de fazer charme.
Mas isso é no começo. Uma vez o romance engatado, aí as defesas são postas de lado e a gente mostra quem realmente é, nossas gracinhas e nossas imperfeições.
Isso se formos honestos. Os desonestos do amor são aqueles que fabricam idéias e atitudes, até que um dia cansam da brincadeira, deixam cair a máscara e o outro fica ali, atônito.
Quem se apaixonou por um falsário, tem que desconstruí-lo para se desapaixonar.
É um sufoco. Exige que você reconheça que foi seduzido por uma fantasia, que você é capaz de se deixar confundir, que o seu desejo de amar é mais forte do que sua astúcia.
Significa encarar que alguém por quem você dedicou um sentimento tão nobre e verdadeiro não chegou nem a existir, tudo não passou de uma representação – e olha, talvez até não tenha sido por mal, pode ser que esta pessoa nem conheça a si mesma, por isso ela se inventa.
A gente resiste muito a aceitar que alguém que amamos não é, e nem nunca foi, especial. Que sorte quando a gente sabe com quem está lidando: mesmo que venha a desamá-lo por que um dia, tudo o que foi construído se manterá de pé.

sábado, 26 de novembro de 2011

A Piores Coisas do Mundo: Mediocridade, Hipocrisia e Superficialidade.

Todo mundo sabe da mediocridade que impera na maior parte dos círculos sociais.
Digo "mediocridade" no sentido mais extenso da palavra, ousando ainda acrescentar mais dois elementos que complementam essas funestas relações que se estabelecem cotidianamente entre a maioria dos seres humanos: a hipocrisia e a superficialidade.
Após muitas noites de sono perdidas em função de encontros regados à vinho e música, o que aliás acho um grande programa, tenho refletido sobre a quantidade de tempo (e de maquiagem, especificamente no meu caso) que gastamos discutindo sobre problemas insolucionáveis e filosofias de almanaque, como meio de nos perdoarmos pela nossa própria falta de profundidade.
A verdade cruel é que ando saturada desses encontros "silogisticos", das conversas intermináveis sobre tudo e das inúmeras soluções fáceis encontradas, que todo mundo julga indispensáveis à sociedade, mas que ninguém tem coragem de levantar um dedo para implementar. Como diz o bom paraense - É só papo !
Nesse mundo chato do "politicamente correto", nos encontramos em meio a uma imensidão de contradições diárias, mergulhando mais e mais num oceano dividido entre winners e loosers, em práticas de um consumo doentio, no tratamento diferenciado para aqueles que (aparentemente) "venceram na vida" que invariavelmente nos exibem como troféus os seus enormes carros importados, seus apartamentos luxuosos e suas mulheres lindas e entediadas.
Realmente ando cansada dessa mediocridade que vige esses tempos cruéis, por que as verdades "absolutas" saída das bocas desses "gurus sociais" não me dizem nada.
O que vejo e escuto, na maioria das vezes, é a mais pura baboseira.
Senão, o que dizer das pessoas que ainda não conseguiram o seu tão sonhado "lugar ao sol", não ganham fortunas ou acumulam prestígio, mas que vivenciam em seus cotidianos experiências incríveis, conhecem grandes autores, entendem que o ser humano e a vida em sociedade é cheia de complexidades, admiram a perfeição de uma obra de arte e a essência do artista que a produziu, que viajam com o intuito de conhecer e não de comprar.
Viva essas pessoas ! Viva aqueles que ainda conseguem ter pensamentos livres de modismos, vivenciam emoções genuínas e que ainda não foram contaminados por essa lógica capitalista cruel e destruidora.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Poema Invictus - Sir Willian Henley

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer Deus - se algum acaso existe,
Por minh’alma insubjugável, agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma."

A exata noção da morte - Da Série Inédita "Alguns Pensamentos"

Que sensações são essas que surgem de repente em mim?
Não são misteriosas impressões
São velhos e conhecidos sentimentos que provém de minha própria dor

Nascem pálidas e se espalham
Aparentam não ser fortes, por que chegam devagar
São melancolias que me dominam

Me dando a sofrida medida do tempo e a devida chaga que marca
Que me deixa mais forte ao suportar
Essas dores intensas, esse rio doce de lágrimas

Que sensações são essas que me invadem na escuridão ?
Buscando uma luz que me cega
Que me banham em líquido espesso
Que me carregam como andor pesado
Que me fazem contorcer ao flutuar

Que me transtorna e me faz correr
Que procura em mim flores, que de tão desbotadas, há muito arranquei

Ter a exata noção da morte advém da idéia da vida
Qual vida terei se te fores ?

Morrerei ?
Não ! Resistirei
Para conceber a exata noção da morte
Que acabaste por plantar em mim.

Insistência - Da Série Inédita "Desabafos"

Por vezes me pergunto, por que insisto em amores que me destroem ?
Que me consomem e que me encharcam de lágrimas
Por que insisto em amores sem intimidade ?
Daqueles que não deixam nada, só árida paisagem.
Daqueles que se esvaem com o tempo

O teu medo da intimidade
O meu medo da rejeição
Somos duas almas apenadas
Mortas há muito tempo atrás

Que insistem em cruzar um caminho comum
Que insistem trilhar uma estrada de obstáculos
Tentando uma linha reta, na areia que se move
No charco que nos deixa, a cada dia, mais frios

Estrangeiros - Da Série Inédita "Desabafos"

Que estranhos caminhos nossas vidas têm tomado
Você tão longe e pensando na volta
Repleto de coisas pra contar

E eu fincada numa terra que não é minha
Nunca foi

Que estranha sensação de desolação
Mesmo quando dizemos coisas sérias
Coisas maduras...........Planos, Sonhos !

Que distorção é essa que me faz te ver de tão perto
Sabendo que nunca mais ficaremos lado a lado
Por que a espera ?

Por que deito, choro, passo horas remoendo um passado negro
E um futuro só

Quando sonho, penso no dia
Mas ele sempre é triste
Como uma manhã despontando deserta
Como uma tarde melancólica perto do mar

Que estranha terra é essa ?

A Melhor Coisa do Mundo: Descobrir como realmente somos !

Conforme falei anteriormente, escrever este blog é uma tarefa prazerosa, mas extremamente árdua. Talvez por que ser imparcial ou não deixar que a paixão domine minha razão e interfira na minha escrita seja uma questão difícil para mim.
Quero acreditar que sou fria, calculista e determinada em meus julgamentos e em minhas decisões, mas sempre descubro que não sou.
Estou começando a questionar a minha escolha pela ciência (mesmo que política), pois para ser um cientista é preciso "torturar dados para que eles falem", como diria um professor que amo.
E eu, definitivamente, não tenho o perfil dos "torturadores", por que me comovo, por que busco entender as razões dos outros, por que quase sempre levo em consideração outras variáveis.
Não sou uma pessoa disposta a tudo pra satisfazer meus anseios pessoais, nem quero provar que sou moralmente superior à ninguém.
Não tenho tempo pra pensar nisso, nem quero pensar no que os outros fazem ou deixam de fazer de suas vidas.
A propósito, ontem sofri um decepção terrível, me senti traída por pessoas que amo e tento respeitar acima de tudo e ainda assim, mesmo que tudo aponte para a comprovação da existência de armadilhas, estratégias (e pior, muita maledicência envolvida) pra me desequilibrar, eu ainda estou preferindo acreditar que tudo isso não passa de um grande engano.
Contudo, não acho que essa postura faz parte da "Nova Silvia", que eu, atualmente (e à duras penas) tento construir.
Na verdade, eu acho que apesar do cinismo com que digo que não acredito em quase ninguém, sempre reinou em mim, uma Silvia pacífica, emotiva, disposta a acreditar no bem e na sinceridade das pessoas, até mesmo diante de seus maiores enganos, o que me leva a crer que sou um ser diferente da daquilo que sempre julguei ser.
Existe em mim, uma outra Silvia, camuflada por ares de autoridade exagerada e de segurança irritante.
Não tenho tempo pra elucubrações nesse sentido, mas hoje, em particular, despertei com uma tranquilidade inquieta, uma necessidade de dizer a todas essas pessoas que me magoaram, um enorme OBRIGADA!
Obrigada por me fazer refletir sobre as minhas condutas desnecessárias!,
Obrigada por me forçar a ver que posso ter outras perspectivas e que só cabe a mim realizá-las!, Obrigada por me revelar que existem outras pessoas que podem me amar verdadeiramente!,
Obrigada por me fazer enxergar a linha tênue que existe entre as "boas intenções" (das quais o inferno está cheio!) e as grandes injustiças!,
E enfim, Oorigada por me fazer reconhecer, finalmente, que sou melhor (pelo menos nesse sentido), por que sempre me coloco acima de mesquinharias e malícias.
Definitivamente, hoje será um dia melhor !

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Uma Coisa Linda no Mundo: O poesia de Florbela Espanca

Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!


Florbela Espanca

Um coisa boa no Mundo : O Entusiasmo

A palavra ENTUSIASMO é de origem grega e significa "Ter um DEUS dentro de si."
Os gregos eram panteístas, isto é, acreditavam em vários deuses.
A pessoa ENTUSIASMADA era aquela possuída por um desses deuses e por causa disso, ela poderia transformar a própria natureza, fazendo com que coisas extraordinárias acontecessem.
Assim, se você fosse ENTUSIASMADO por Ceres (a deusa da agricultura) você seria capaz de fazer a melhor colheita, e assim por diante.
Segundo os gregos, só as pessoas ENTUSIASMADAS eram capazes de vencer os desafios cotidianos.
Era preciso, portanto, ENTUSIASMAR-SE.
Desse modo, percebo que ENTUSIASMO é diferente de Otimismo.
Otimismo, significa acreditar que uma coisa vai dar certo, talvez, até torcer para que dê certo.
Muita gente, confunde otimismo com ENTUSIASMO.
ENTUSIASMO é ter forças para conseguir o que se quer.
No mundo de hoje, é preciso ser ENTUSIASMADO, pois somente a pessoa ENTUSIAMADA, acredita NA SUA CAPACIDADE DE TRANSFORMAR AS COISAS, DE FAZER DA CERTO !
ENTUSIASMADA é a pessoa que acredita em si.
Que acredita nos outros, que acredita na força que as pessoas têm de transformar o mundo e a sua própria realidade.
E só há uma maneira de ser ENTUSIAMADO.
É agindo ENTUSIASMÁTICAMENTE ou será ENTUSIÁSTICAMENTE ? Sei lá !
O importante mesmo é cultivar a força de um Deus dentro de si.
Se formos esperar as condições ideais primeiro, nunca conseguiremos nos entusiasmar verdadeiramente.
Não é o sucesso que traz o entusiasmo, é o ENTUSIASMO QUE TRAZ O SUCESSO !
Conheço pessoas que passam o tempo todo esperando as condições melhorarem, a vida melhorar, o sucesso chegar para somente depois se entusiasmarem.
A verdade é que jamais conseguirão coisa alguma, pois somente o ENTUSIASMO TRAZ A NOVA VISÃO DA VIDA.
Portanto, minha gente, ENTUSIASMO !

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O Caminho da Luz - Da série inédita "Alguns Pensamentos"

Penso estar possuída
Aproveito a sensação e me sinto cada vez melhor
Escrevo
Tento me livrar dessa obsessão de formas, de arranjos
Tento me livrar da imobilidade

Ando por caminhos tortuosos
Já busquei várias saídas
Encontrei, nunca saí

Vou acumulando encontros, portas, ilusões
Vejo a luz, fecho os olhos
Não gosto da claridade que me cega
Gosto do escuro silencioso e tranqüilo

A cegueira da escuridão é generosa
É úmida, fria, silenciosa
Não busco luz fora de mim.


Contemplação - Da série inédita "Alguns Pensamentos"

A poesia me vem como um bálsamo verde
Cheiroso e frio como essa grama macia
Na qual me deito só pra olhar o céu

Quero contemplá-lo como antes, escuro, límpido
Quando não existia o descompasso
Penso em ti e na perda que está por vir

Talvez ela já esteja presente
Me espreitando desde cedo, ...... de longe
Ela é minha velha amiga

Tudo que amo ..... perco
Não vim se amada, talvez tenha vindo para contemplar somente
Daqui da minha grama macia.


(Im)possibilidade - Da série inédita "Alguns Pensamentos"

A eterna busca é a dos sonhadores
Sou sonhadora
Busco aquilo que mesmo sabendo não existir
Vejo distante, no horizonte
Persisto
Não há como vencer a vontade do que ainda não se teve.


O clarão - Da Série Inédita "Alguns Pensamentos"

A energia da poesia diminuta
Contada, controlada, cessa
Essa luz que dela provém
Não se acostuma em piscar fracamente
Quer se expandir
Tem que crescer, envolver, exaltar
Não se há de conter sentimentos
Morremos.


Em direção à correnteza - Da série inédita "Alguns Pensamentos"

Na briga violenta, um real desfecho,
Somente solidão ...
Daquela que mais doí, que vem de não se estar só

Lamentos de tristeza
De quem se repete em desilusões
Um gosto sórdido
De quem não agüenta mais ser carregada por marés

É velada e triste essa solidão
Um medo desvelado nunca anima
Só enfraquece e quão triste é ser fraca
Tristezas são próprias de fracos, pequenos.

Mas então, por que ?
Por que me engrandeço quando triste ?
Por que espero ansiosa pelo mal ?
Por que me atiro sempre no rio que me carrega ?

Na verdade sou forte,
Nego a calmaria,
Quero e busco sempre a correnteza.

Quando a água começa assim, tranqüila e fresca
Corto os pés em pedras pontiagudas
E vou andando em direção ao mar violento
Sentindo a sua força, as ondas e as pedras.

O Melhor do Mundo: "Dar a volta por cima e voltar."

Em meio a um longo e tenebroso inverno pessoal por qual passei no primeiro semestre deste ano, do qual ainda me encontro fugindo, por meio de análises dolorosas que revelam meus muitos defeitos e tudo mais que há de errado com o meu modo de ser e de agir, ao menos uma coisa boa, dentre as muitas ruins veiculadas todos os dias, me chamou atenção no noticiário da manhã:
O caso de pessoas que doam órgãos para salvar a vida dos seus ex-cônjuges.
Essa atitude, que aos olhos de muitos pode não parecer muita coisa, muito menos um ato merecedor de uma cobertura jornalística, é, aos olhos daqueles que já vivenciaram relacionamentos complicados, com finais dolorosos e infelizes, um verdadeiro ato de coragem, pois se baseia na idéia de que uma hora precisaremos nos reerguer de nossa dor para nos conectarmos (e se possível, nos solidarizarmos) com aqueles que precisam de nós.
No decorrer dos tempos, a humanidade se acostumou a cultuar heróis cujos feitos beiravam aos de uma divindade, relegando a um segundo plano, na maioria das vezes, aqueles atos genuínos que dizem respeito a uma superação pessoal individual. O que é realmente complicado.
Uma vez ouvi uma frase de um sacerdote católico num programa de TV em que ele dizia ser fácil amar a humanidade, difícil era amar o meu vizinho !
O ato de ajudar alguém que, porventura, já nos feriu ou nos magoou, revela em nós a existência do um ser especial que é capaz de perdoar, capaz não só de "dar a volta por cima", mas de voltar a se conectar ao mundo, à realidade.
Nas minhas recentes incursões pelo mundo da análise psicológica (que aliás, recomendo a todos), tenho descoberto medos e incertezas em mim que julgava nunca terem existido.
Num desses episódios de me transportar para o meu "eu verdadeiro" (que eu, há muito, julgava conhecer) descobri a minha grande dificuldade de perdoar, justamente quando não consegui descrever com precisão o que o "perdão" significa pra mim.
Devo confessar que isso foi uma experiência transformadora, por que a partir daí, comecei a reparar o quanto sou rigorosa com todos que me cercam.
Antigamente, eu tinha isso como uma grande qualidade. Mas somente depois de refletir seriamente sobre esse assunto é que pude finalmente perceber o quanto me isolei (e ainda me isolo), o quanto de felicidade eu deixei passar por ser tão eficiente em detalhar os defeitos alheios.
Não que eu fosse um monstro, pois sempre fui muito moderada em comentários e atitudes que me desagradavam nas pessoas com quem convivi, preferindo somente me afastar. No entanto, a questão está justamente em não aceitar o outro como meu semelhante, como uma pessoa capaz de errar e de se arrepender.
Meu Deus, de quantas coisas me arrependo ! Essa conversa do " não me arrependo de nada" é mais cínica do que qualquer outra falácia contada em círculos de amigos, por que só serve para enganar a nós mesmos.
Talvez, essas pessoas que doaram seus órgãos aos cônjuges, fazendo esse bem inimaginável ao outro, ou melhor, devolvendo-lhes a esperança de viver, tenham tido tempo e espaço para repensar seus possíveis erros e tenham verdadeiramente se arrependido de não terem sido mais pacientes ou amorosas em determinadas situações.
Eu, dada a minha confusão emocional constante, não posso atentar por certo qual é a razão específica e pessoal que leva uma pessoa a tomar uma atitude drasticamente amorosa em favor do outro. Entretanto, não posso deixar de elogiar estes atos e esperar que um dia eu seja capaz disso também.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

2011 - Um ano bom ?

Eu sei, eu sei, que este texto deveria ser publicado somente no final do ano!
Mas, para mim, o primeiro semestre deste ano foi tão complicado, que penso que ele poderia ter terminado no início de agosto.
É importante iniciarmos o segundo semestre de qualquer ano com um novo ânimo e foi isso que eu fiz, pelo menos acho que fiz, pois consegui ultrapassar agosto, à duras penas e me encontro ainda tentando sobreviver ao término dessa primeira quinzena de setembro. Está sendo uma luta !
O que quero na verdade é ficar quieta e esperar o tempo passar até chegar a hora alegre de dizer em alto e bom som: - Bye, Bye 2011 ! Viva o Ano Novo ! Finalmente, o Ano Bom !
Na opinião de especialistas, psicólogos, pais e professores, o ser humano possui duas baterias recarregáveis de seis em seis meses, o que nos dá fôlego, pra ultrapassar um ano que está sendo ruim, sem recorrermos à medidas extremas: tipo suicídio ou homicídio.
O problema é que eu acho que devido essas contrariedades todas as minhas duas baterias foram consumidas simultâneamente no primeiro semestre e agora não vejo a hora de recarregá-las para um outro ano.
Daí vocês podem perceber a razão de ter ficado tanto tempo sem escrever.
Adoro escrever ! Mas a vida prega cada peça na gente, não é ?
No início deste Blog, eu mencionei a dificuldade de manter um blog atualizado sem ter tempo pra parar; ao mesmo tempo em que firmei meu compromisso de escrever sobre o que me fizesse feliz ou infeliz e tudo isso pra mim mesma.
E a minha previsão estava correta, por que tive "zero acesso". Mas isso é uma outra história.
Pois bem, isso não é a questão que me preocupa agora. Nunca fui popular. E devo confessar a todos que estou na verdade me preparando para a "Imortalidade" ah! ah!
O que tem me deixado preocupada realmente é a revelação recente sobre a minha dificuldade de conviver com os outros da minha espécie.
Não tenho o menor saco! E definitivamente não confio em quase ninguém !
Justo neste ano em que achei que todos os meus "problemas maiores" seriam definitivamente resolvidos. Problemas Maiores - leia-se: Finalização do Curso de Direito, Batalha pra ser aprovada na Ordem, Processo Seletivo para o Mestrado em Ciência Política, etc...
BOOM ! descobri que meus reais problemas não eram esses.
A questão é que eu estava coberta pelo "Véu da Ignorância" como asseverou John Rawls.
Eu achava que vivia maravilhosamente bem com tudo e com todos, mas descobri desastrosamente que isso não era verdade.
Daí ! Como disse Maísa (A filósofa dos desesperados) "Meu mundo caiu !"
Contudo, baseado no que Lavosier afirmou em sua célebre frase "nada se perde, nada se cria, tudo se transforma", estou tentando expurgar esses males recentemente vivenciados, na tentativa de me transformar em um ser melhor.
Sendo assim, rogo a todos aqueles que me conhecem pessoalmente, que se mantenham calmos e pacientes comigo, pois conto com a ajuda de todos nessa empreitada espiritual.
Prometo que as estratégias de uma mudança tão radical em mim, serão devidamente postadas neste blog, de hoje em diante.